O que foi dito

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Between the buried and me

Entre mim e os mortos
há oceanos de vida,
azul limpido
e salgado.
Peixes de todas as cores.
Cores de todos os peixes.

Tudo é cor.

Entre mim e os mortos
há quedas de água,
cataratas.
Como as dos olhos.
Perco-as de vista.

Tudo cai.

Entre mim e os mortos
há pedras
nas margens dos rios.
Há musgo e lama.

Tudo se afoga.

Entre mim e os mortos
há um lago de água tépida.
Calor imaginário.
Reflexo intemporal.
Reflexo imóvel.

Tudo se mexe.

Entre mim e os mortos
há a água suja dos esgotos.
Há a merda e o cheiro a merda.

Tudo se esgota.

Entre mim e os mortos
há apenas o fio de água
que cai de uma torneira,
fina como a leveza
do meu corpo.
A leveza da minha alma.

Tudo.
Entre mim e os vivos não há nada.

Sem comentários:

Enviar um comentário